Image Map

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Periodo Classico : Atenas e Esparta

O Período Clássico é também identificado como “Período das Hegemonias” por causa do revezamento de soberania que ocorreu entre as cidades-estado Atenas e Esparta. Essa fase da história da Grécia Antiga, entre os séculos VI e IV a.C., é identificada como a mais gloriosa dos gregos, mesmo sendo também um período de muitas guerras.


O Período Clássico da história da Grécia Antiga é repleto de conflitos. Logo no início do período houve uma série de enfrentamentos entre os gregos e os persas. Em 490 a.C. o rei persa, Dario I, declarou guerra contra os gregos por causa da revolta gerada na Jônia em consequência da conquista dos persas. A atitude de Dario I foi uma tentativa de punição ao comportamento de suas novas colônias, para isso invadiu a Hélade. Entretanto os gregos derrotaram os persas. Dez anos depois o filho de Dario I, Xerxes I, lidera os persas para mais uma ataque aos gregos, mas acabam derrotados novamente. Insistentes, os persas tentam a vitória através de uma terceira guerra em 468 a.C. e tornam a sair derrotados. Esta última derrota fez com que os persas assinassem um tratado reconhecendo a superioridade dos gregos no Mar Egeu. Todos esses momentos são capítulos das chamadas Guerras Médicas.


Entre a segunda guerra médica e a terceira os atenienses lançam a pedra fundamental de sua hegemonia por muitos anos, trata-se da criação da Liga de Delos. A Liga de Delos foi capitaneada por Atenas com o propósito de reunir as cidades gregas e se organizaram para o caso de uma nova invasão dos persas. As cidades que integravam a Liga ou Confederação de Delos comprometiam-se a pagar tributos anuais e a ceder homens e barcos em caso de conflitos. Mesmo com os persas totalmente derrotados na terceira tentativa de invasão, a Liga de Delos permaneceu e com o tempo a cidade-estado de Atenas começou a utilizá-la em benefício próprio. Com isso Atenas se enriqueceu e modernizou, espalhando sua superioridade sobre as cidades gregas e as colônias na Ásia Menor.

É durante o período de hegemonia de Atenas que se destaca um dos mais ilustres atenienses, Péricles. O governo de Péricles foi responsável por ampla modernização, ampliação dos vínculos comerciais, enriquecimento e disseminação dos padrões políticos de Atenas. Tamanho foi o impacto do governante que o século V a.C. ficou conhecido como “Século de Péricles”.

O imperialismo ateniense já estava consolidado, especialmente em consequência do governo de Péricles. Atenas decide então transformar as contribuições anuais que eram feitas pelas cidades integrantes da Liga de Delos em impostos e ainda proíbe que as mesmas abandonem a Confederação. Tal posicionamento gerou a insatisfação de algumas cidades, em especial Esparta. As cidades inconformadas se uniram sob a liderança de Esparta para contestar o imperialismo ateniense e fundaram a Liga do Peloponeso. Não tardou para que as duas ligas, a Liga de Delos e a Liga do Peloponeso, se confrontassem. A Guerra do Peloponeso (431 a.C. – 417 a.C.) colocou em choque o modelo político democrático de Atenas e o modelo político oligárquico militarista de Esparta. A tradição militar desta foi decisiva no tocante dos conflitos e foi responsável por colocar fim à hegemonia ateniense, inaugurava-se então a fase de imperialismo espartano na Grécia.


A fase de superioridade de Esparta no mundo grego não durou muito tempo, já encontrava em expansão o Império Macedônico na mesma época. Os gregos consideravam os macedônicos bárbaros por não falarem a língua clássica, mas mesmo assim muitos nobres da Macedônia assimilaram costumes gregos. O Império Macedônico e as cidades gregas, lideradas por Esparta, entram em guerra e mesmo com toda a tradição militar espartana não foi possível evitar a derrota para os macedônicos em Queroneia. Filipe e Alexandre, seu filho, conquistaram a Grécia continental e encerraram o Período Clássico da Grécia. Alexandre, o Grande, assumiu o Império da Macedônia quando seu pai morreu assassinado e dá continuidade ao projeto de expansão que visava conquistar todo o mundo persa. Carregando a incorporação de costumes gregos, surgiu a cultura helenística que associava a cultura grega com a macedônica.

Esparta e Atenas

Ao estudarmos a Grécia Antiga, temos uma falsa impressão sobre a organização dessa civilização clássica. Em geral, os livros didáticos falam repetidamente sobre as características da Grécia como se tratassem de um povo dotado de características comuns. No entanto, ao conhecermos sua organização política descentralizada, acabamos tendo fortes indícios de que, dentro do “mundo grego”, existiam povos com diferentes costumes e tradições.

Nesse sentido, a comparação entre as cidades-Estado de Esparta e Atenas nos oferece um quadro de contrastes muito interessante; dessa forma, podemos entender a diversidade cultural encontrada dentro desse território. As formas de concepção do mundo, os papéis desempenhados pelos sujeitos sociais, as instituições políticas, valores e tradições desses dois povos são de grande utilidade para que possamos, assim, apagar a impressão de que existe um povo grego marcado pela mesma cultura.

No que diz respeito às instituições políticas, depois da adoção dos regimes monárquico e aristocrático, em Atenas criou-se uma forma de governo democrática. Mesmo sendo considerado um “governo do povo”, aqueles que participavam da democracia ateniense correspondiam a menos de 20% da população. Já em Esparta, as questões políticas eram de obrigação de um conjunto de 28 homens, maiores de 60 anos, que formavam a Gerúsia. Além disso, existiam dois reis, que formavam a chamada Diarquia. As funções desses reis eram ligadas às questões religiosas e militares.

O papel desempenhado por homens e mulheres nas sociedades ateniense e espartana também tinha suas especificidades. Em Esparta, as mulheres recebiam uma rigorosa educação física e psicológica. Além disso, elas participavam das reuniões públicas, disputavam competições esportivas e administravam o patrimônio familiar. Em contrapartida, a cultura ateniense restringia suas mulheres ao mundo doméstico. A docilidade e a submissão ao pai e ao marido eram valores repassados às mulheres atenienses.

A questão educacional nas duas cidades também apresentava diferenças entre si. As instituições atenienses se preocupavam em desenvolver um equilíbrio entre mente e corpo. Dessa forma, a educação buscava conciliar a saúde física e o debate filosófico. Já em Esparta, dada sua intensa tradição militarista, privilegiava-se o treinamento do corpo. Os jovens espartanos aprendiam a escrever aquilo que era estritamente necessário. Dessa forma, o cidadão espartano deveria ser forte e resistente, um indivíduo apto para as batalhas militares.

Com toda certeza, não poderíamos julgar quais dessas duas diferentes culturas do mundo clássico foi mais “desenvolvida” ou “sofisticada”. Nem mesmo poderíamos concluir que os atenienses eram simples antíteses dos espartanos. As diferenças entre as experiências vividas por Atenas e Esparta podem nos explicar tantos contrastes. Dessa forma, as comparações aqui desenvolvidas apenas nos dão uma amostra da riqueza dos costumes, tradições e histórias que envolveram as cidades-Estado do Mundo Grego.