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segunda-feira, 20 de abril de 2015

Periodo Classico : Atenas e Esparta

O Período Clássico é também identificado como “Período das Hegemonias” por causa do revezamento de soberania que ocorreu entre as cidades-estado Atenas e Esparta. Essa fase da história da Grécia Antiga, entre os séculos VI e IV a.C., é identificada como a mais gloriosa dos gregos, mesmo sendo também um período de muitas guerras.


O Período Clássico da história da Grécia Antiga é repleto de conflitos. Logo no início do período houve uma série de enfrentamentos entre os gregos e os persas. Em 490 a.C. o rei persa, Dario I, declarou guerra contra os gregos por causa da revolta gerada na Jônia em consequência da conquista dos persas. A atitude de Dario I foi uma tentativa de punição ao comportamento de suas novas colônias, para isso invadiu a Hélade. Entretanto os gregos derrotaram os persas. Dez anos depois o filho de Dario I, Xerxes I, lidera os persas para mais uma ataque aos gregos, mas acabam derrotados novamente. Insistentes, os persas tentam a vitória através de uma terceira guerra em 468 a.C. e tornam a sair derrotados. Esta última derrota fez com que os persas assinassem um tratado reconhecendo a superioridade dos gregos no Mar Egeu. Todos esses momentos são capítulos das chamadas Guerras Médicas.


Entre a segunda guerra médica e a terceira os atenienses lançam a pedra fundamental de sua hegemonia por muitos anos, trata-se da criação da Liga de Delos. A Liga de Delos foi capitaneada por Atenas com o propósito de reunir as cidades gregas e se organizaram para o caso de uma nova invasão dos persas. As cidades que integravam a Liga ou Confederação de Delos comprometiam-se a pagar tributos anuais e a ceder homens e barcos em caso de conflitos. Mesmo com os persas totalmente derrotados na terceira tentativa de invasão, a Liga de Delos permaneceu e com o tempo a cidade-estado de Atenas começou a utilizá-la em benefício próprio. Com isso Atenas se enriqueceu e modernizou, espalhando sua superioridade sobre as cidades gregas e as colônias na Ásia Menor.

É durante o período de hegemonia de Atenas que se destaca um dos mais ilustres atenienses, Péricles. O governo de Péricles foi responsável por ampla modernização, ampliação dos vínculos comerciais, enriquecimento e disseminação dos padrões políticos de Atenas. Tamanho foi o impacto do governante que o século V a.C. ficou conhecido como “Século de Péricles”.

O imperialismo ateniense já estava consolidado, especialmente em consequência do governo de Péricles. Atenas decide então transformar as contribuições anuais que eram feitas pelas cidades integrantes da Liga de Delos em impostos e ainda proíbe que as mesmas abandonem a Confederação. Tal posicionamento gerou a insatisfação de algumas cidades, em especial Esparta. As cidades inconformadas se uniram sob a liderança de Esparta para contestar o imperialismo ateniense e fundaram a Liga do Peloponeso. Não tardou para que as duas ligas, a Liga de Delos e a Liga do Peloponeso, se confrontassem. A Guerra do Peloponeso (431 a.C. – 417 a.C.) colocou em choque o modelo político democrático de Atenas e o modelo político oligárquico militarista de Esparta. A tradição militar desta foi decisiva no tocante dos conflitos e foi responsável por colocar fim à hegemonia ateniense, inaugurava-se então a fase de imperialismo espartano na Grécia.


A fase de superioridade de Esparta no mundo grego não durou muito tempo, já encontrava em expansão o Império Macedônico na mesma época. Os gregos consideravam os macedônicos bárbaros por não falarem a língua clássica, mas mesmo assim muitos nobres da Macedônia assimilaram costumes gregos. O Império Macedônico e as cidades gregas, lideradas por Esparta, entram em guerra e mesmo com toda a tradição militar espartana não foi possível evitar a derrota para os macedônicos em Queroneia. Filipe e Alexandre, seu filho, conquistaram a Grécia continental e encerraram o Período Clássico da Grécia. Alexandre, o Grande, assumiu o Império da Macedônia quando seu pai morreu assassinado e dá continuidade ao projeto de expansão que visava conquistar todo o mundo persa. Carregando a incorporação de costumes gregos, surgiu a cultura helenística que associava a cultura grega com a macedônica.

Esparta e Atenas

Ao estudarmos a Grécia Antiga, temos uma falsa impressão sobre a organização dessa civilização clássica. Em geral, os livros didáticos falam repetidamente sobre as características da Grécia como se tratassem de um povo dotado de características comuns. No entanto, ao conhecermos sua organização política descentralizada, acabamos tendo fortes indícios de que, dentro do “mundo grego”, existiam povos com diferentes costumes e tradições.

Nesse sentido, a comparação entre as cidades-Estado de Esparta e Atenas nos oferece um quadro de contrastes muito interessante; dessa forma, podemos entender a diversidade cultural encontrada dentro desse território. As formas de concepção do mundo, os papéis desempenhados pelos sujeitos sociais, as instituições políticas, valores e tradições desses dois povos são de grande utilidade para que possamos, assim, apagar a impressão de que existe um povo grego marcado pela mesma cultura.

No que diz respeito às instituições políticas, depois da adoção dos regimes monárquico e aristocrático, em Atenas criou-se uma forma de governo democrática. Mesmo sendo considerado um “governo do povo”, aqueles que participavam da democracia ateniense correspondiam a menos de 20% da população. Já em Esparta, as questões políticas eram de obrigação de um conjunto de 28 homens, maiores de 60 anos, que formavam a Gerúsia. Além disso, existiam dois reis, que formavam a chamada Diarquia. As funções desses reis eram ligadas às questões religiosas e militares.

O papel desempenhado por homens e mulheres nas sociedades ateniense e espartana também tinha suas especificidades. Em Esparta, as mulheres recebiam uma rigorosa educação física e psicológica. Além disso, elas participavam das reuniões públicas, disputavam competições esportivas e administravam o patrimônio familiar. Em contrapartida, a cultura ateniense restringia suas mulheres ao mundo doméstico. A docilidade e a submissão ao pai e ao marido eram valores repassados às mulheres atenienses.

A questão educacional nas duas cidades também apresentava diferenças entre si. As instituições atenienses se preocupavam em desenvolver um equilíbrio entre mente e corpo. Dessa forma, a educação buscava conciliar a saúde física e o debate filosófico. Já em Esparta, dada sua intensa tradição militarista, privilegiava-se o treinamento do corpo. Os jovens espartanos aprendiam a escrever aquilo que era estritamente necessário. Dessa forma, o cidadão espartano deveria ser forte e resistente, um indivíduo apto para as batalhas militares.

Com toda certeza, não poderíamos julgar quais dessas duas diferentes culturas do mundo clássico foi mais “desenvolvida” ou “sofisticada”. Nem mesmo poderíamos concluir que os atenienses eram simples antíteses dos espartanos. As diferenças entre as experiências vividas por Atenas e Esparta podem nos explicar tantos contrastes. Dessa forma, as comparações aqui desenvolvidas apenas nos dão uma amostra da riqueza dos costumes, tradições e histórias que envolveram as cidades-Estado do Mundo Grego.

sábado, 18 de abril de 2015

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Idade Moderna : Reforma Religiosa

Reforma Protestante foi um movimento reformista cristão culminado no início do século XVI por Martinho Lutero, quando através da publicação de suas 95 teses, em 31 de outubro de 1517 na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, protestou contra diversos pontos da doutrina da Igreja Católica Romana, propondo uma reforma no catolicismo romano. Os princípios fundamentais da Reforma Protestante são conhecidos como os Cinco solas.
As 95 Teses de Lutero, Disputatio pro declaratione virtutis indulgentiarum, 1522
Lutero foi apoiado por vários religiosos e governantes europeus provocando uma revolução religiosa, iniciada na Alemanha, estendendo-se pela Suíça, França, Países Baixos, Reino Unido, Escandinávia e algumas partes do Leste europeu, principalmente os Países Bálticos e a Hungria. A resposta da Igreja Católica Romana foi o movimento conhecido como Contra-Reforma ou Reforma Católica, iniciada no Concílio de Trento.

O resultado da Reforma Protestante foi a divisão da chamada Igreja do Ocidente entre os católicos romanos e os reformados ou protestantes, originando o Protestantismo e o início de massacres e perseguições por parte da Igreja Católica Romana como por exemplo a noite de Massacre da noite de São Bartolomeu.
A Pré-Reforma foi o período anterior à Reforma Protestante no qual se iniciaram as bases ideológicas que posteriormente resultaram na reforma iniciada por Martinho Lutero.

A Pré-Reforma tem suas origens em uma denominação cristã do século XII conhecida como Valdenses, que era formada pelos seguidores de Pedro Valdo, um comerciante de Lyon que se converteu ao Cristianismo por volta de 1174. Ele decidiu encomendar uma tradução da Bíblia para a linguagem popular e começou a pregá-la ao povo sem ser sacerdote. Ao mesmo tempo, renunciou à sua atividade e aos bens, que repartiu entre os pobres. Desde o início, os valdenses afirmavam o direito de cada fiel de ter a Bíblia em sua própria língua, considerando ser a fonte de toda autoridade eclesiástica. Eles reuniam-se em casas de famílias ou mesmo em grutas, clandestinamente, devido à perseguição da Igreja Católica Romana, já que negavam a supremacia de Roma e rejeitavam o culto às imagens, que consideravam como sendo idolatria.

No seguimento do colapso de instituições monásticas e da escolástica nos finais da Idade Média na Europa, acentuado pelo Cativeiro Babilônico da igreja no papado de Avinhão, o Grande Cisma e o fracasso da conciliação, se viu no século XVI o fermentar de um enorme debate sobre a reforma da religião e dos posteriores valores religiosos fundamentais.

John Wycliffe
No século XIV, o inglês John Wycliffe, considerado como precursor da Reforma Protestante, levantou diversas questões sobre controvérsias que envolviam o Cristianismo, mais precisamente a Igreja Católica Romana. Entre outras idéias, Wycliffe queria o retorno da Igreja à primitiva pobreza dos tempos dos evangelistas, algo que, na sua visão, era incompatível com o poder político do papa e dos cardeais, e que o poder da Igreja devia ser limitado às questões espirituais, sendo o poder político exercido pelo Estado, representado pelo rei. Contrário à rígida hierarquia eclesiástica, Wycliffe defendia a pobreza dos padres e os organizou em grupos. Estes padres foram conhecidos como "lolardos". Mais tarde, surgiu outra figura importante deste período: Jan Huss. Este pensador tcheco iniciou um movimento religioso baseado nas ideias de John Wycliffe. Seus seguidores ficaram conhecidos como Hussitas

A Reforma protestante foi iniciada por Martinho Lutero, embora tenha sido motivada primeiramente por razões religiosas,7 também foi impulsionada por razões políticas e sociais: 

Martinho Lutero

* Os conflitos políticos entre autoridades da Igreja Romana e governantes das monarquias européias, tais governantes desejavam para si o poder espiritual e ideológico da Igreja e do Papa,10 11 muitas vezes para assegurar o direito divino dos reis;
* Práticas como a usura eram condenadas pela ética católica romana, assim a burguesia capitalista que desejava altos lucros econômicos sentiria-se mais "confortável" se pudesse seguir uma nova ética religiosa, adequada ao espírito capitalista, necessidade que foi atendida pela ética protestante e conceito de Lutero de que o homem é justificado pela fé, sem as obras da lei (cf. Romanos 3:28)
* Algumas causas econômicas para a aceitação da Reforma foram o desejo da nobreza e dos príncipes de se apossar das riquezas da igreja romana e de ver-se livre da tributação papal que, apesar de defender a simplicidade, era a instituição mais rica do mundo.Também na Alemanha, a pequena nobreza estava ameaçada de extinção em vista do colapso da economia senhorial. Muitos desses pequenos nobres desejavam as terras da igreja. Somente com a Reforma, estas classes puderam expropriar as terras
* Durante a Reforma na Alemanha, autoridades de várias regiões do Sacro Império Romano-Germânico pressionadas pela população e pelos luteranos, expulsavam e mesmo assassinavam sacerdotes católicos das igrejas, substituindo-os por religiosos com formação luterana.
* Lutero era radicalmente contra a revolta camponesa iniciada em 1524 pelos anabatistas liderados por Thomas Münzer que provocou a Guerra dos Camponeses. Münzer comandou massas camponesas contra a nobreza imperial, pois propunha uma sociedade sem diferenças entre ricos e pobres e sem propriedade privada, Lutero por sua vez defendia que a existência de "senhores e servos" era vontade divina motivo pelo qual eles romperam. Lutero escreveu posteriormente: "Contras as hordas de camponeses (...), quem puder que bata, mate ou fira, secreta ou abertamente, relembrando que não há nada mais peçonhento, prejudicial e demoníaco que um rebelde"
Extensão da Reforma na Europa

Na Alemanha, Suiça e França

No início do século XVI, o monge alemão Martinho Lutero, abraçando as idéias dos pré-reformadores, proferiu três sermões contra as indulgências em 1516 e 1517. Em 31 de outubro de 1517 foram pregadas as 95 Teses na porta da Catedral de Wittenberg, com um convite aberto a uma disputa escolástica sobre elas. Esse fato é considerado como o início da Reforma Protestante. Essas teses condenavam a "avareza e o paganismo" na Igreja, e pediam um debate teológico sobre o que as indulgências significavam. As 95 Teses foram logo traduzidas para o alemão e amplamente copiadas e impressas. Após um mês se haviam espalhado por toda a Europa.
Após diversos acontecimentos, em junho de 1518 foi aberto um processo por parte da Igreja Romana contra Lutero, a partir da publicação das suas 95 Teses. Alegava-se, com o exame do processo, que ele incorria em heresia. Depois disso, em agosto de 1518, o processo foi alterado para heresia notória.
Finalmente, em junho de 1520 reapareceu a ameaça no escrito "Exsurge Domini" e, em janeiro de 1521, a bula "Decet Romanum Pontificem" excomungou Lutero. Devido a esses acontecimentos, Lutero foi exilado no Castelo de Wartburg, em Eisenach, onde permaneceu por cerca de um ano. Durante esse período de retiro forçado, Lutero trabalhou na sua tradução da Bíblia para o alemão, da qual foi impresso o Novo Testamento, em setembro de 1522.
Enquanto isso, em meio ao clero saxônio, aconteceram renúncias ao voto de castidade, ao mesmo tempo em que outros tantos atacavam os votos monásticos. Entre outras coisas, muitos realizaram a troca das formas de adoração e terminaram com as missas, assim como a eliminação das imagens nas igrejas e a ab-rogação do celibato. Ao mesmo tempo em que Lutero escrevia "a todos os cristãos para que se resguardem da insurreição e rebelião". Seu casamento com a ex-freira cisterciense Catarina von Bora incentivou o casamento de outros padres e freiras que haviam adotado a Reforma. Com estes e outros atos consumou-se o rompimento definitivo com a Igreja Romana. Em janeiro de 1521 foi realizada a Dieta de Worms, que teve um papel importante na Reforma, pois nela Lutero foi convocado para desmentir as suas teses, no entanto ele defendeu-as e pediu a reforma. Autoridades de várias regiões do Sacro Império Romano-Germânico pressionadas pela população e pelos luteranos, expulsavam e mesmo assassinavam sacerdotes católicos das igrejas, substituindo-os por religiosos com formação luterana.

Toda essa rebelião ideológica resultou também em rebeliões armadas, com destaque para a Guerra dos camponeses (1524-1525). Esta guerra foi, de muitas maneiras, uma resposta aos discursos de Lutero e de outros reformadores. Revoltas de camponeses já tinham existido em pequena escala em Flandres (1321-1323), na França (1358), na Inglaterra (1381-1388), durante as guerras hussitas do século XV, e muitas outras até o século XVIII. A revolta foi incitada principalmente pelo seguidor de Lutero, Thomas Münzer.  que comandou massas camponesas contra a nobreza imperial, pois propunha uma sociedade sem diferenças entre ricos e pobres e sem propriedade privada, Lutero por sua vez defendia que a existência de "senhores e servos" era vontade divina  motivo pelo qual eles romperam, sendo que Lutero condenou Münzer e essa revolta.
Em 1530 foi apresentada na Dieta imperial convocada pelo Imperador Carlos V, realizada em abril desse ano, a Confissão de Augsburgo, escrita por Felipe Melanchton.
com o apoio da Liga de Esmalcalda. Os representantes católicos na Dieta resolveram preparar uma refutação ao documento luterano em agosto, a Confutatio Pontificia (Confutação), que foi lida na Dieta. O Imperador exigiu que os luteranos admitissem que sua Confissão havia sido refutada. A reação luterana surgiu na forma da Apologia da Confissão de Augsburgo, que estava pronta para ser apresentada em setembro do mesmo ano, mas foi rejeitada pelo Imperador. A Apologia foi publicada por Felipe Melanchton no fim de maio de 1531, tornando-se confissão de fé oficial quando foi assinada, juntamente com a Confissão de Augsburgo, em Esmalcalda, em 1537.

Ao mesmo tempo em que ocorria uma reforma em um sentido determinado, alguns grupos protestantes realizaram a chamada Reforma Radical. Queriam uma reforma mais profunda. Foram parte importante dessa reforma radical os Anabatistas, cujas principais características eram a defesa da total separação entre igreja e estado e o "novo batismo" (que em grego é anabaptizo)

Enquanto na Alemanha a reforma era liderada por Lutero, Na França e na Suíça a Reforma teve como líderes João Calvino e Ulrico Zuínglio. João Calvino foi inicialmente um humanista. Foi integrante do clero, todavia não chegou a ser ordenado sacerdote romano. Depois do seu afastamento da Igreja romana, este intelectual começou a ser visto como um representante importante do movimento protestante. Vítima das perseguições aos huguenotes na França, fugiu para Genebra em 1533. onde faleceu em 1564. Genebra tornou-se um centro do protestantismo europeu e João Calvino permanece desde então como uma figura central da história da cidade e da Suíça. Calvino publicou as Institutas da Religião Cristã, que são uma importante referência para o sistema de doutrinas adotado pelas Igrejas Reformadas.
Os problemas com os huguenotes somente concluíram quando o Rei Henry IV, um ex-huguenote, emitiu o Édito de Nantes, declarando tolerância religiosa e prometendo um reconhecimento oficial da minoria protestante, mas sob condições muito restritas. O catolicismo romano se manteve como religião oficial estatal e as fortunas dos protestantes franceses diminuíram gradualmente ao longo do próximo século, culminando na Louis XIV do Édito de Fontainebleau, que revogou o Édito de Nantes e fez de Roma a única Igreja legal na França. Em resposta ao Édito de Fontainebleau, Frederick William de Brandemburgo declarou o Édito de Potsdam, dando passagem livre para franceses huguenotes refugiados e status de isenção de impostos a eles durante 10 anos.

Ulrico Zuínglio foi o líder da reforma suíça e fundador das igrejas reformadas suíças. Zuínglio não deixou igrejas organizadas, mas as suas doutrinas influenciaram as confissões calvinistas. A reforma de Zuínglio foi apoiada pelo magistrado e pela população de Zurique, levando a mudanças significativas na vida civil e em assuntos de estado em Zurique.

No Reino Unido

O curso da Reforma foi diferente na Inglaterra. Desde muito tempo atrás havia uma forte corrente anticlerical, tendo a Inglaterra já visto o movimento Lollardo, que inspirou os Hussitas na Boémia. No entanto, ao redor de 1520 os lollardos já não eram uma força ativa, ou pelo menos um movimento de massas.
Henrique VIII
Embora Henrique VIII tivesse defendido a Igreja Romana com o livro Assertio Septem Sacramentorum (Defesa dos Sete Sacramentos), que contrapunha as 95 Teses de Martinho Lutero, Henrique promoveu a Reforma Inglesa para satisfazer as suas necessidades políticas. Sendo este casado com Catarina de Aragão, que não lhe havia dado filho homem, Henrique solicitou ao Papa Clemente VII a anulação do casamento, Perante a recusa do Papado, Henrique fez-se proclamar, em 1531, protetor da Igreja inglesa. O Ato de Supremacia, votado no Parlamento em novembro de 1534, colocou Henrique e os seus sucessores na liderança da igreja, nascendo assim o Anglicanismo. Os súditos deveriam submeter-se ou então seriam excomungados, perseguidos e executados, tribunais religiosos foram instaurados e católicos foram obrigados à assistir cultos protestantes, muitos importantes opositores foram mortos, tais como Thomas More, o Bispo John Fischer e alguns sacerdotes, frades franciscanos e monges cartuxos. Quando Henrique foi sucedido pelo seu filho Eduardo VI em 1547, os protestantes viram-se em ascensão no governo. Uma reforma mais radical foi imposta diferenciando o anglicanismo ainda mais do catolicismo romano Seguiu-se uma breve reação romana durante o reinado de Maria I (1553-1558). De início moderada na sua política religiosa, Maria procura a reconciliação com Roma, consagrada em 1554, quando o Parlamento votou o regresso à obediência ao Papa.
Um consenso começou a surgir durante o reinado de Elizabeth I. Em 1559, Elizabeth I retornou ao anglicanismo com o restabelecimento do Ato de Supremacia e do Livro de Orações de Eduardo VI. Através da Confissão dos Trinta e Nove Artigos (1563), Elizabeth alcançou um compromisso entre o protestantismo e o catolicismo romano: embora o dogma se aproximasse do calvinismo, só admitindo como sacramentos o Batismo e a Eucaristia, foi mantida a hierarquia episcopal e o fausto das cerimônias religiosas.
A Reforma na Inglaterra procurou preservar o máximo da Tradição Romana (episcopado, liturgia e sacramentos). A Igreja da Inglaterra sempre se viu como a ecclesia anglicanae, ou seja, A Igreja cristã na Inglaterra e não como uma derivação da Igreja de Roma ou do movimento reformista do século XVI. A Reforma Anglicana buscou ser a "via média" entre Roma e o protestantismo.

Em 1561 apareceu uma confissão de fé com uma Exortação à Reforma da Igreja modificando seu sistema de liderança, pelo qual nenhuma igreja deveria exercer qualquer autoridade ou governo sobre outras, e ninguém deveria exercer autoridade na Igreja se isso não lhe fosse conferido por meio de eleição. Esse sistema, considerado "separatista" pela Igreja Anglicana, ficou conhecido como Congregacionalismo. Richard Fytz é considerado o primeiro pastor de uma igreja congregacional, entre os anos de 1567 e 1568, na cidade de Londres. Por volta de 1570 ele publicou um manifesto intitulado As Verdadeiras Marcas da Igreja de Cristo. Em 1580 Robert Browne, um clérigo anglicano que se tornou separatista, junto com o leigo Robert Harrison, organizou em Norwich uma congregação cujo sistema era congregacionalista. sendo um claro exemplo de igreja desse sistema.

Na Escócia, John Knox (1505-1572), que tinha estudado com João Calvino em Genebra, levou o Parlamento da Escócia a abraçar a Reforma Protestante em 1560, sendo estabelecido o Presbiterianismo. A primeira Igreja Presbiteriana, a Church of Scotland (ou Kirk), foi fundada como resultado disso.

Nos Países Baixos

A Reforma nos Países Baixos, ao contrário de alguns outros países, não foi iniciado pelos governantes das Dezessete Províncias, mas sim por vários movimentos populares que, por sua vez, foram reforçados com a chegada dos protestantes refugiados de outras partes do continente. Enquanto o movimento Anabatista gozava de popularidade na região nas primeiras décadas da Reforma, o calvinismo, através da Igreja Reformada Holandesa, tornou a fé protestante dominante no país desde a década de 1560 em diante. No início de agosto de 1566, uma multidão de protestantes invadiu a Igreja de Hondschoote na Flandres (atualmente Norte da França) com a finalidade de destruir as imagens católicas, esse incidente provocou outros semelhantes nas províncias do norte e sul, até Beeldenstorm, em que calvinistas invadiram igrejas e outros edifícios católicos para destruir estátuas e imagens de santos em toda a Holanda, pois de acordo com os calvinistas, estas estátuas representavam culto de ídolos. Duras perseguições aos protestantes pelo governo espanhol de Felipe II contribuíram para um desejo de independência nas províncias, o que levou à Guerra dos Oitenta Anos e eventualmente, a separação da zona protestante (atual Holanda, ao norte) da zona católica (atual Bélgica, ao sul)
Teve grande importância durante a Reforma um teólogo holandês: Erasmo de Roterdã. No auge de sua fama literária, foi inevitavelmente chamado a tomar partido nas discussões sobre a Reforma. Inicialmente, Erasmo se simpatizou com os principais pontos da crítica de Lutero, descrevendo-o como "uma poderosa trombeta da verdade do evangelho" e admitindo que, "É claro que muitas das reformas que Lutero pede são urgentemente necessárias."
 Lutero e Erasmo demonstraram admiração mútua, porém Erasmo hesitou em apoiar Lutero devido a seu medo de mudanças na doutrina. Em seu Catecismo (intitulado Explicação do Credo Apostólico, de 1533), Erasmo tomou uma posição contrária a Lutero por aceitar o ensinamento da "Sagrada Tradição" não escrita como válida fonte de inspiração além da Bíblia, por aceitar no cânon bíblico os livros deuterocanônicos e por reconhecer os sete sacramentos  Estas e outras discordâncias, como por exemplo, o tema do Livre arbítrio fizeram com que Lutero e Erasmo se tornassem opositores.

Na Dinamarca, a difusão das idéias de Lutero deveu-se a Hans Tausen. Em 1536 na Dieta de Copenhaga, o rei Cristiano III aboliu a autoridade dos bispos católicos, tendo sido confiscados os bens das igrejas e dos mosteiros. O rei atribuiu a Johann Bugenhagen, discípulo de Lutero, a responsabilidade de organizar uma Igreja Luterana nacional A Reforma na Noruega e na Islândia foi uma conseqüência da dominação da Dinamarca sobre estes territórios; assim, logo em 1537 ela foi introduzida na Noruega e entre 1541 e 1550 na Islândia, tendo assumido neste último território características violentas.

Na Suécia, o movimento reformista foi liderado pelos irmãos Olaus Petri e Laurentius Petri. Teve o apoio do rei Gustavo I Vasa que rompeu com Roma em 1525, na Dieta de Vasteras. O luteranismo, então, penetrou neste país estabelecendo-se em 1527. Em 1593, a Igreja sueca adotou a Confissão de Augsburgo. Na Finlândia, as igrejas faziam parte da Igreja sueca até o início do século XIX, quando foi formada uma igreja nacional independente, a Igreja Evangélica Luterana da Finlândia.

Idade Média : Invasões Bárbaras

Dá-se o nome de invasões bárbaras à série de migrações de vários povos germânicos para a península Ibérica, que viriam a alterar radicalmente a organização da região até então denominada Hispânia sob o Império Romano. Integradas no período das migrações que ocorreu entre os anos 300 a 800 em toda a Europa, estas migrações marcaram a transição da Antiguidade para a Idade Média e terão sido desencadeadas pelas incursões dos Hunos e pressões populacionais a partir da Europa central.

A partir de 409 chegaram à Lusitânia, província romana que correspondia sensivelmente ao Centro e Sul de Portugal e a Cáceres, Badajoz, Salamanca e parte de Segóvia e Madrid na Espanha — os grandes bandos de alanos, vândalos e suevos, povos que tinham sido violentamente arrancados das suas terras pela invasão dos hunos e que, depois dessa expulsão, se deslocaram pela Europa, para Ocidente, em busca de novas terras onde se instalar. Em linhas gerais, os alanos eram oriundos da região do Cáucaso; os Vândalos constituíam-se em povos germânicos de origem escandinava; e os suevos, também germânicos, eram aparentados com os grupos anglo-saxões que, por esta altura, foram instalar-se na Inglaterra.
Entre estes, apenas os suevos apresentavam uma organização política. A esta invasão assistiu Paulo Orósio, presbítero de Braga, que deixou registrado que "depressa trocaram a espada pelo arado e se fizeram amigos". Organizaram um reino que abrangia a Galiza e tinha capital em Braga; o reino alargou-se depois para o Sul do rio Douro. Neste reino nasceria a língua e nacionalidade galaico-portuguesa.

Este grupos de bárbaros não parecem ter sido numerosos; ainda assim, subjugaram as províncias romanas com grande rapidez e, depois de instalados, não encontraram grandes resistências por parte das populações nativas, facto que se relaciona com as condições sociais da conjuntura de crise que antecedeu a Queda do Império Romano do Ocidente: uma depressão econômica atingira as cidades, enfraquecendo as classes médias e agravando as condições dos camponeses. O fim das conquistas tornara difícil a obtenção de mão-de-obra escrava, base sobre a qual assentava a economia romana. Desse modo, a população livre caía numa situação de semiescravatura.

Com as invasões desapareceram todos os quadros do Estado, mas manteve-se de pé a organização eclesiástica. A maior parte da população hispano-romana era cristã e o território estava dividido em paróquias. Ainda no século V, os Suevos aceitaram a nova religião, que mais tarde seria também adoptada pelos Visigodos.
Em 406, os Alanos, Suevos e Vândalos chegaram à Hispânia. Empurrados pelos Alanos para noroeste, os Suevos mais os Búrios fundaram um reino na antiga província romana da Galécia (actual norte de Portugal e Galiza), o Reino Suevo que duraria entre os anos 409 a 585.

Os vândalos, pouco mais de 80.000, ocuparam o sul, na actual Andaluzia. Estilicão foi obrigado a chamar as legiões estacionadas na Britânia e na Gália do norte, acabando assim com o domínio romano sobre a Britânia.

Os alanos acabariam por ser etnicamente absorvidos pelos Vândalos em direcção a África. Potenciados pelas divergências religiosas da sua vertente ariana contra o catolicismo romano, os Vândalos confrontar-se-iam daí para a frente várias vezes com o Império romano.

A dominação Sueva seria terminada pelos Visigodos aquando da sua incursão na Península, enquanto o reino vândalo seria conquistado por Belisário.

Para conquistar o domínio da península Ibérica, os Visigodos tiveram que enfrentar Suevos, Alanos e Vândalos que já se haviam aí fixado. Em compensação, obtêm de Roma o direito de se estabelecer como federados.

Com grande parte da península já fora do seu controlo, o Imperador Romano do Ocidente, Honório (r. 395-423), encarregou a sua irmã, Gala Placídia, e o seu marido, Ataúlfo, rei visigodo, de restaurar a ordem, concedendo-lhes o direito de se instalarem na península desde que cooperassem na defesa e manutenção da região.

Os visigodos conseguiram subjugar os suevos e expulsar os vândalos, que migraram para o Norte de África. Em 484, estabeleceram Toledo como capital.

Mais tarde os Visigodos seriam gradualmente empurrados da Gália pelos Francos, perdendo o seu reino de Tolosa, embora seu reino de Toledo tenha subsistido na Península Ibérica até 711, data em que se deu início a uma invasão muçulmana que os confinou a um pequena região nas Astúrias.

Os visigodos caracterizaram-se pela imensa influência que receberam da cultura romana, realizando um importante trabalho de compilação cultural e jurídica. Destaca-se o Direito visigótico, que forneceu as bases da estrutura jurídica medieval na península Ibérica. Note-se que a ocupação visigótica não constituiu uma invasão propriamente dita, já que os visigodos foram, inclusive, assistidos no governo por hispano-romanos: o latim permaneceu a língua oficial e o cristianismo favoreceu a coesão dos povos na península Ibérica.

Idade Antiga : Periodo Homérico

O Período Homérico representa uma nova fase na estruturação da sociedade grega em decorrência da invasão dos dórios no período anterior. O novo povo encerrou a cultura creto-micênica que esteve presente por séculos e em seu lugar deu início a cultura gentílica.


No final do Período Pré-Homérico os dórios, povo indo-europeu, invadiram violentamente a Hélade, destruindo a estrutura comercial existente, a cultura que lá estava estabilizada e causando a migração de tal população como alternativa para sobreviver. A invasão dos dórios fez com que surgissem novas colônias gregas em novos territórios, mas alterou radicalmente a estrutura existente na Grécia.

O novo período da história da Grécia Antiga recebe a denominação de Homérico por causa do poeta Homero, que escreveu e revelou muitas informações sobre esta fase da história grega. A estrutura que havia na Grécia foi toda distorcida e deu lugar para uma sociedade baseada nos Genos. Os membros dos Genos eram chamados de Gens e dependiam da unidade familiar. Como uma organização fechada, os Genos tinham uma grande independência econômica.

Os Genos conquistaram grande autonomia política em consequência da independência econômica, mesmo a nova organização tendo base familiar, toda a população era favorecida. O trabalho desenvolvido na nova sociedade era de cunho individual, mas o bem da comunidade era sempre almejado. Havia um chefe que determinava o papel de cada um, tudo que era produzido era dividido igualmente entre os Gens. A estrutura garantia que nenhum Genos se desenvolvesse mais que outros, as famílias que tinham dificuldade na produção eram livres para utilizar escravos ou o trabalho de artesãos.

É claro que em toda relação humana, por mais que se preze pela igualdade social, sempre há expressões que favorecem a determinados indivíduos, o que é efeito das relações políticas. Apesar da sociedade ser igualitária, a proximidade familiar com o chefe do Genos era que determinava o grau de importância do indivíduo na sociedade. O chefe do Genos era respeitado por ser considerado como detentor de ‘fórmulas secretas’ que lhe permitiam fazer contato com os ancestrais e com os deuses que protegiam as famílias.

A organização econômica e social do Genos não foi capaz de resistir por muito tempo, as técnicas arcaicas não davam mais conta de sustentar a população. A tendência era de que o Genos se dividisse em estruturas menores, o rompimento dos laços familiares causava sua fragilização. Esse processo favoreceu aos possuidores de maior importância social, ou seja, os parentes mais próximos do chefe do Genos. A sociedade ficou extremamente fragmentada e formada por um grupo detentor das melhores condições sociais e econômicas, a maioria passou a viver de míseros salários e esmolas.

A nova estrutura social era baseada em três níveis. Em primeiro lugar estavam os eupátridas (bem-nascidos), que por serem mais próximos no parentesco do chefe do antigo Genos ficaram com as melhores terras, monopolizaram os equipamentos de guerra e ficaram com todo o poder formando uma aristocracia baseada na terra. Em segundo lugar estavam os georgoi (agricultores), enquadrados em um patamar médio, ficaram com a periferia. E na camada mais baixa da nova sociedade estavam os Thetas (marginais), desprovidos de terras e completamente marginalizados.

A nova aristocracia ficou com o poder e era denominada de fratrias, que formavam em grupo as tribos. A união destas tribos fez surgir as cidades-estado chamadas de Pólis. Nos século IX e VIII a.C. surgiram aproximadamente 160 pólis na Grécia, sendo que cada uma possuía seu templo em uma região elevada da cidade, o qual era chamado de Acrópole. Os Basileus eram os governantes da pólis, mas tinham o poder limitado pelos eupátridas. Tentaram dar um golpe para tomar o poder máximo, mas foram impedidos e substituídos pelos Arcondes, que eram indicados anualmente pelo Conselho dos Aristocratas.

Assim o período Homérico teve início substituindo a cultura micênica pela gentílica, mas se encerrou com a aniquilação também desta.

Pré-História : Arte e Arquitetura

A chamada arte pré-histórica é o que podemos assemelhar com produção dita artística do homem ocidental dos dias de hoje, feita pelos humanos pré-históricos, como gravuras rupestres, estatuetas, pinturas, desenhos.

A arte pré-histórica não está necessariamente ligada à ideia de "arte" e sim de comunicação que surgiu a partir do renascimento.

A relação que o homem pré-histórico tinha com esses objetos é impossível definir. Pode-se, no entanto, formular hipóteses e efetuar um percurso para as apoiar cientificamente.

Ainda hoje, povos caçadores-recolectores produzem a dita "arte" e em algumas tribos de índios percebe-se a relação do homem contemporâneo com o conceito atual de obras de arte e também de comércio.

Apesar de convencionar-se a consolidação da religião no período Neolítico, a arqueologia registra que no Paleolítico houve uma religião primitiva baseada no culto a uma Deusa mãe ao feminino e a associação desta ao poder de dar a vida. Foram descobertas, no abrigo de rochas Cro-Magnon em Les Eyzies, conchas cauris, descritas como "o portal por onde uma criança vem ao mundo" e cobertas por um pigmento de cor ocre vermelho, que simbolizava o sangue, e que estavam intimamente ligados ao ritual de adoração às estatuetas femininas; escavações apresentaram que estas estatuetas, as chamadas vênus neolíticas eram encontradas muitas vezes numa posição central, em oposição aos símbolos masculinos localizados em posições perféricas ou ladeando as estatuetas femininas

A arte neste período pode ser inferida a partir dos povos que vivem atualmente ou viveram até recentemente na pré-historia (por exemplo, os aborígenes, os índios). Na pré-história, a arte não era algo que pudesse ser separado das outras esferas da vida, da religião, economia, política, e essas esferas também não eram separadas entre si, formavam um todo em que tudo tinha que ser arte, ter uma estética, porque nada era puramente utilitário, como são hoje um abridor de latas ou uma urna eleitoral. Tudo era ao mesmo tempo mítico, político, econômico e estético.

A arte como uma palavra que designa uma esfera separada de todo o resto só surgiu quando surgiram as castas, classes e Estados, isto é, quando todas aquelas esferas da vida se tornaram especializações de determinadas pessoas: o governante com a política, os camponeses com a economia, os sacerdotes com a religião e os artesãos com a arte. Só aí é que surge a arte "pura", separada do resto da vida, e palavra que a designa.

Mas antes do renascimento, os artesãos eram muito ligados à economia, muitos eram mercadores e é daí que vem a palavra "artesanato". Então a arte ainda era raramente separada da economia (embora na Grécia Antiga, a arte tenha chegado a ter uma relativa autonomia), por isso, a palavra "arte" era sinônimo de "técnica", ou seja,"produzir alguma coisa" num contexto urbano. No renascimento, alguns artesãos foram sustentados por nobres (os Médici, por exemplo) apenas para produzir arte, uma arte "pura". Aí é que surgiu a arte como a conhecemos hoje.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Pré-História : Período Paleolítico

O Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada, refere-se ao período da pré-história que aconteceu cerca de 2,5 milhões a.C., quando os antepassados do homem começaram a produzir os primeiros artefatos em pedra lascada, destacando-se de todos os outros animais, até cerca de 10000 a.C., quando houve a chamada Revolução Neolítica, em que a agricultura passou a ser cultivada, tornando o homem não mais dependente apenas da coleta e caça.

Neste período os humanos eram essencialmente nômades caçadores-coletores, tendo que se deslocar constantemente em busca de alimentos. Desenvolveram os primeiros instrumentos de caça feitos em madeira, osso ou pedra lascada.

Este longo período histórico subdivide-se em Paleolítico Inferior (até há aproximadamente 300 mil anos) e Paleolítico Superior (até 10 mil a.C.). Há certa discordância entre estudiosos quanto a essa divisão, sendo que alguns intercalam um Paleolítico Médio entre o Inferior e o Superior. O Paleolítico coincide com o final da época geológica Pleistocena do período geológico Neogeno.

O termo Paleolítico foi empregado pela primeira vez pelo historiador John Lubbock. Foi precedido pelo período pré-histórico que alguns historiadores chamam de Eolítico, e sucedido pelo Neolítico. Na Europa e em outros locais onde ocorreram glaciações, intercala-se o período chamado Mesolítico entre o Paleolítico e o Neolítico.

Foi nesse período que surgiram as primeiras espécies de hominídeos, provavelmente na África. Nesta época a temperatura era muito baixa, obrigando os humanos e outros animais a viver em cavernas. Os hominídeos surgidos nesta época foram os Australopithecus, Homo habilis e Homo erectus . As tecnologias empregadas no período foram, por ordem crescente de complexidade, a olduvaiense, a acheulense e a clactoniense.

Os objetos foram confeccionados primeiro em osso e madeira, depois em pedra e marfim. Usavam um machado de pedra, para cortar e esmagar os alimentos, para defesa e fazer furos. As lascas eram aproveitadas para fabricar objetos cortantes, daí o Paleolítico ter ficado também conhecido como Período ou Idade da Pedra Lascada.

A sociedade era comunal, já possuiam uma certa organização social e a família já tinha importância no contexto da sociedade. Eram nômades e dominaram o fogo.

O paleolítico médio é um conceito que compreende um espaço temporal, cultural e geográfico mais restrito do que os períodos do Paleolítico que o antecedem e sucedem.

O homem de neanderthal, a distribuição geográfica (Europa), as técnicas de talhe (indústria musteriense) e a cronologia (200.000 a 30.000 anos a.C.) são características que definem este período da pré-história.

É nesse período que surgem os primeiros sambaquis, encontrados principalmente nas regiões litorâneas da América do Sul; devido ao fato de serem nômades, permaneciam num determinado local até que se esgotassem os alimentos, quando então partiam; neste local amontoavam conchas, restos de fogueiras e animais. Era também aí que enterravam os mortos, junto a seus pertences (colares, vestes, ferramentas e cerâmicas), ou seja, um conceito primitivo de religião já se formava.
No Paleolítico Superior os humanos passaram a habitar em cavernas, devido ao resfriamento intenso do planeta e o norte da Europa ter ficado coberto de gelo como consequência da quarta glaciação. Neste período desenvolveu-se o homem de Cro-Magnon, que já é o humano moderno propriamente dito. Caçava animais de grande porte (mamute, bisão, renas) utilizando para isso armadilhas montadas no chão.

A passagem do período Paleolítico para o Neolítico foi bastante gradual, tendo levado cerca de 10.000 anos, e ficou conhecida como a Revolução Neolítica (nome dado pelo historiador Gordon Childe), visto terem ocorrido conquistas tecnológicas que garantiram a sobrevivência dos povos nesse período.

As principais alterações foram:

A crosta terrestre aquece, aumentando o nível dos mares e resultando em alterações climáticas.
Formam-se grandes rios e desertos, além de florestas temperadas e tropicais.
Animais de grande porte (Megafauna) desaparecem e dão origem à fauna que conhecemos hoje.
O homem aprende aos poucos a reproduzir plantas, domesticar animais e estocar alimentos.
A agricultura e a domesticação de animais favorecem um sensível aumento populacional em algumas regiões.
Ampliam-se as conquistas técnicas, como a produção de cerâmica.
Os povos aprendem aos poucos como se organizar e trabalhar em sistemas cooperativos.

Pré-História : Revolução Neolitica

Na pré-história europeia, portanto, não se aplicando à pré-história americana (incluindo o Brasil), Neolítico (pedra nova) ou Período da Pedra Polida é o nome do período que vai aproximadamente do décimo milênio a.C., com o início da sedentarização e surgimento da agricultura, ao terceiro milênio a.C.(3000 a.C.), dando lugar à Idade dos Metais.

As primeiras aldeias eram criadas próximas a rios, de modo a usufruir da terra fértil (onde eram colocadas sementes para plantio) e água para homens e animais. Também nesse período começa a domesticação de animais (cabra, boi, cão, dromedário, etc). O trabalho passa a ser dividido entre homens e mulheres, os homens cuidam da segurança, caça e pesca, enquanto as mulheres plantam, colhem e educam os filhos. A disponibilidade de alimento permite também às populações um aumento do tempo de lazer e a necessidade de armazenar os alimentos e as sementes para cultivo leva à criação de peças de cerâmica, que vão gradualmente ganhando fins decorativos.

Surge também o comércio, o dinheiro, que facilita a troca de materiais, e que era, na época, representado por sementes. Estas sementes, diferenciadas umas das outras, representam cada tipo, cada valor. Uma aldeia, ao produzir mais do que o necessário e, para não perder grande parte da produção que não iria ser utilizada, troca o excesso por peças de artesanato, roupas e outras utensílios com outras aldeias.

Neste momento deixam de usar peles de animais como vestimenta, que dificultam a caça e muitas outras atividades pelo seu peso, e passam a usar roupas de tecido de lã, linho e algodão, mais confortáveis e leves.

Essas mudanças de comportamento foram consideradas tão importantes que o arqueólogo Gordon Childe designou este momento de Revolução Neolítica, ou Revolução agrária, fator decisivo para a sobrevivência dos povos nesse período.

A Revolução Neolítica durou por volta de 10.000 anos, e seus principais pontos são:

A crosta terrestre aquece, aumentando o nível dos mares e resultando em alterações climáticas.
Formam-se grandes rios e desertos, além de florestas temperadas e tropicais.
Animais de grande porte desaparecem e dão origem à fauna que conhecemos hoje.
A vida vegetal modifica-se, favorecendo a sobrevivência humana.
Dão-se grandes conquistas técnicas do homem que, aliadas às transformações do ambiente, permitem ao ser humano controlar gradativamente a natureza.
O homem aprende aos poucos a reproduzir plantas, domesticar animais e estocar alimentos.
A agricultura e a domesticação de animais favorecem um sensível aumento populacional em algumas regiões.
Ampliam-se as conquistas técnicas, como a produção de cerâmica.
Os povos aprendem aos poucos como se organizar e trabalhar em sistemas cooperativos.
Os estudiosos acreditam que como o homem da Idade da Pedra não conhecia a escrita, ele gravava desenhos nas paredes das cavernas, que utilizava como meio de comunicação.

O Neolítico, pelo fato de ter sido o último período pré-histórico, terminou com o surgimento da escrita. A transição do Neolítico para a Idade dos Metais (Idade do Bronze e Idade do Ferro) caracterizou a transição da Pré-História para a História

Por volta de 10.000 a.c, ou seja, há cerca de 12 mil anos, no Período Mesolítico, deram-se várias transformações climáticas,que viriam a criar condições favoráveis para a prática da agricultura e criação de animais. A invenção da agricultura ocorreu nos vales férteis dos grandes rios do Oriente Próximo, em uma região chamada Crescente fértil.

No 8º milénio a.c já se cultivavam cereais como trigo e cevada. O feijão, o milho e o arroz foram das primeiras culturas que o homem realizou. Na mesma época animais como o cão, o carneiro ou a cabra já eram domesticados. O homem passou assim de nômade a agricultor e pastor. Cria-se, assim, um novo tipo de economia, chamada de economia de produção, em que os seres humanos já sabem produzir os alimentos necessários à sua sobrevivência, graças à criação de animais e ao cultivo da terra.

Com a criação de animais e a agricultura, o homem sentiu necessidade de se fixar a um lugar. Surgiram assim as primeiras aldeias, normalmente junto ou próximas dos grandes rios como o Nilo, Eufrates, Tigre ou Jordão (Jericó), devido à necessidade de água para regar e fertilizar os campos. No entanto há também aldeias em planaltos, como Çatalhüyük, na Anatólia.


Com a criação das aldeias e com uma nova economia, surgiu a chamada divisão do trabalho e a diferenciação social. Estes dois novos tipos de sobrevivência baseavam-se no sexo e na idade: os mais velhos exerciam a autoridade sobre os mais novos. Enquanto que os homens se dedicavam aos rebanhos e à caça, as mulheres praticavam a agricultura e encarregavam-se das tarefas domésticas. Com a criação dos aldeamentos, a população cresceu. À medida que isso aconteceu, as tarefas e a divisão do trabalho foram-se tornando mais complexas. Enquanto que uns produziam e cuidavam do gado e da terra, outros dedicavam-se à criação de vestuário e à defesa do território. Assim, os guerreiros, curandeiros e sacerdotes passaram a ter mais autoridade sobre os outros, destacando assim a diferenciação social.

O Neolitico caracteriza-se essencialmente pelo surgimento da pedra polida, que era usada em machados e outros instrumentos. Técnicas como a cerâmica, a tecelagem, cestaria, moagem, a descoberta da roda e a tração animal mostram os grandes progressos técnicos observados neste período.
Nas casas redondas, a família sentava-se em bancos de pedra, encostados às paredes. Os lugares eram ocupados segundo a idade e posição social. Os materiais de construção eram sólidos, como a argila seca ou madeira, os alicerces eram em pedra ou pilares de madeira, e cobertos por terraços ou telhados feitos de colmo. As camas normalmente eram feitas do mesmo material que as paredes. As casas possuíam apenas uma divisão com uma lareira para aquecê-la.
Os homens usavam saias de lã negra ou de tecidos de pele de cabra (nome antigo: samarras), que caíam sobre bragas, uma espécie de calças curtas e largas. As mulheres usavam roupas coloridas e cobriam a cabeça com véus que caíam até os olhos, escondendo-lhes os cabelos entrançados. No pescoço, braços e orelhas usavam pesados adornos de ouro, prata ou cobre.


O cultivo da terra deu origem a cultos agrários, já que os homens acreditavam que havia fenômenos naturais e forças sobrenaturais que influenciavam as colheitas. Surgiram assim as primeiras estátuas, que mostram uma deusa, ligando a fertilidade da mulher à fertilidade da terra. Outra manifestação artística foi a criação dos monumentos megalíticos, para o culto funerário. Os mais simples são os menires e os dólmens. Ao agrupamento de vários menires em linha ou círculo dá-se o nome de cromeleques.

Pré-História : Peninsula Ibérica

A pré-História da península Ibérica iniciou-se com a chegada dos primeiros hominídeos à península há cerca de 1,2 milhões de anos e durou até o início das guerras Púnicas, quando o território entrou no domínio da história escrita. Neste período alguns dos marcos notáveis são:

Neanderthal
Ter sido o último reduto do homem de Neandertal antes da sua extinção;[carece de fontes]
Registar alguns dos mais impressionantes exemplos de arte paleolítica a par da França;
Acolher as mais antigas civilizações da Europa ocidental [carece de fontes]
, sendo um apetecível território a que afluíram vários povos, pela posição estratégica e as muitas riquezas minerais.

No estudo da pré-história existe o problema fundamental que dificulta sua investigação: estabelecer a cronologia exata, principalmente das datas referentes aos primeiros habitantes, sua procedência, relação étnica com os diferentes tipos pré-históricos e sua localização.

O carácter peninsular, limitado pelo Atlântico a oeste e pela barreira natural dos Pirenéus criou um isolamento em relação à restante Europa Continental, que em algumas ocasiões contribuiu para originar uma relativa separação entre a evolução da península Ibérica e da restante Europa. A localização geográfica constituiu porém a ponte que une a Europa ao norte da África, formando uma conexão entre os continentes africano e europeu. Outro condicionador foi a influência dupla do mar, com a ligação tanto ao oceano Atlântico como ao mar Mediterrâneo.

No interior a ação dos rios, mais caudalosos que atualmente, produziu planícies fluviais que propiciaram um ambiente favorável para o homem. Também está provado que existiu uma atividade vulcânica, sobretudo nas zonas da atual província de Ciudad Real e de Gerunda.

O clima deixou de mudar à medida que se desenrolaram alternadamente as quatro eras glaciais e as eras interglaciais. Apesar das glaciações terem sido diferentes entre si, em geral pode dizer-se que na Meseta havia um clima mais extremo e chuvoso que agora, comparável ao existente na Polônia ou Rússia atuais. A costa cantábrica era muito mais fria e húmida, similar ao atual norte da Escócia, e a população da Andaluzia gozaria de um clima mais frio que o do sul da França. Durante os períodos interglaciais, este último seria o clima da costa cantábrica, enquanto Andaluzia seria muito ensolarada e a região levantina teria um clima semi-árido.

Levando em conta que a maior atividade dos habitantes da Ibéria consistia em caça, cabe mencionar as mudanças que a fauna ibérica teve com as mudanças climáticas. Nos períodos glaciais os animais característicos foram o mamute, o rinoceronte peludo e a rena, espécies vindas do centro e norte da Europa que buscavam o clima relativamente ameno da península. Durante os períodos interglaciais, o elefante meridional, o elefante antigo e o rinoceronte de Merk foram os animais mais comuns. Indiferentes a todas as mudanças climáticas, também havia outros animais como ursos, lobos, cavalos, bisontes, javalis e cabras,

Todos estes fenômenos geraram uma variedade cultural, de vida e mentalidades que explicam a diversidade permanente do território peninsular.

A ocupação por hominídeos data do paleolítico, registando-se diversos vestígios em Portugal e Espanha. Muitos dos vestígios pré-históricos mais bem preservados estão na região de Atapuerca, em Espanha, rica em grutas calcárias que preservaram os registos de um milhão de anos de evolução humana. Entre estes locais está a cave de Gran Dolina onde se encontraram seis ossadas de
Homem Paleolitico
hominídeos datados de 780 000 a 1,2 milhões de anos, estando entre os mais antigos da Europa. Os peritos debatem se estes pertencerão às espécies Homo erectus, Homo heidelbergensis, ou uma nova espécie, o Homo antecessor. Na Gran Dolina encontrou-se também prova do uso de ferramentas e de fogo.

Também em Atapuerca, está a estação de Sima de los Huesos, onde se encontraram os vestígios de 30 hominídeos datados de há cerca de 400 000 anos, possivelmente de Homo heidelbergensis e possivelmente antecessores de neandertais. Sem vestígios de habitação, exceto um machado, o que sugere que este poderá ter sido um monumento funerário, o que seria o primeiro exemplo encontrado entre hominídeos.

Há provas de uma vasta ocupação pelo Homo Neanderthalensis desde 200 000 a.C. O homo sapiens terá entrado na península posteriormente, no fim do paleolítico. Durante algum tempo neandertais e o homem moderno (homo sapiens) coexistiram, até à extinção do primeiro, sendo o seu último refúgio do homem do neandertal o território do atual Portugal.

Há cerca de 200 000 anos, durante o paleolítico inferior, os neandertais chegaram à península. Por volta de 70 000 a.C, no Paleolítico Médio, iniciou-se a última glaciação e a cultura mousteriana neandertal estabeleceu-se. Cerca de 35000 a.C., durante o Paleolítico Superior, a cultura neandertal Châtelperroniana vinda do sul de França estendeu-se ao norte da península Ibérica. Esta cultura perdurou até 28000 a.C., quando o homem do neandertal se extinguiu, sendo o seu último refúgio o território do atual Portugal. O homo sapiens continuaria a ocupar a península ao longo dos períodos Mesolítico e Neolítico.

Foi sobretudo no Paleolítico Superior que se desenvolveram as primeiras expressões artísticas em solo português devido a um rigoroso período de glaciação que se verificou nesta época.
Em 1994, foi achado em Portugal do maior complexo de arte rupestre paleolítico ao ar livre conhecido até hoje: Há 20 000 anos, o homem gravou milhares de desenhos representando cavalos e bovídeos nas rochas xistosas do vale do Côa, afluente do rio Douro, no nordeste de Portugal. os Sítios de arte rupestre do Vale do Côa situam-se ao longo das margens do rio Côa, sobretudo no município de Vila Nova de Foz Côa. Formam uma rara concentração de arte rupestre composta por gravuras em pedra datadas do Paleolítico Superior (22000 - 10000 a.C.), constituindo o mais antigo registo de atividade humana de gravação existente no mundo.

Entre os achados mais importantes está a gruta de Altamira, na Cantábria (Espanha), na qual se conserva um dos conjuntos pictóricos mais importantes de toda a Pré-História. Pertence aos chamados períodos Magdaleniano (entre 16 500 e 14 000 anos atrás) e Solutreano (18 500 anos atrás), dentro do Paleolítico Superior, e o seu estilo artístico constitui a denominada "escola franco-cantábrica" (de que faz parte a notável gruta de Lascaux), caracterizada pelo realismo das figuras representadas.

À parte destes existem outros locais onde a arte das cavernas e ao ar livre se destacam, concentrando-se, na sua maioria, na Estremadura, mais precisamente na Península de Lisboa, tais como a gruta do Escoural, Montemor-o-Novo, Mazouco. A temática da pintura foca sobretudo episódios do dia-a-dia, como por exemplo uma caçada ou uma batalha com uma tribo inimiga. As gravuras são muito simples, zoomórficas e monocromáticas. Durante este período não existem quaisquer vestígios arquitetónicos devido à natureza nómada das tribos.

O Mesolítico (pedra intermediária) é um período intermediário entre o Paleolítico e o Neolítico presente (ou pelo menos, com duração razoável) apenas em algumas regiões do mundo.

Homem Neolitico

As regiões que sofreram maiores efeitos das glaciações tiveram Mesolíticos mais evidentes. Na península Ibérica, menos afetada pelas glaciações, não se fez sentir com intensidade.

O final do Paleolítico dá lugar ao aparecimento da cultura Aziliense na zona pirenaica, com extensão pela zona cantábrica da península Ibérica, cultura de transição sem grandes novidades e que continua as antigas técnicas paleolíticas. Maior importância adquirem os concheiros portugueses das margens do Tejo, como os Concheiros de Muge onde está assente uma população que vai evoluindo lentamente e na qual aparecem já muitos elementos raciais mistos. Os principais jazigos são Cabeço da Amoreira, Cova da Onça e Fonte do Padre Pedro. A este ciclo cultural pertencem também as oficinas de trabalho manual de sílex, ao ar livre, que existem na região tarraconense.

A chamada Revolução Neolítica, com a passagem do Homem de simples recolector para a agricultura, levou as populações a fixar-se definitivamente, tendo por base uma economia produtora e proporcionando um maior controle das fontes de alimentação.

Embora a península tenha desenvolvido tardiamente a agricultura, o Neolítico trouxe mudanças à paisagem humana da Península Ibérica a partir de há 7 mil anos, com o desenvolvimento da agricultura e o início da cultura megalítica da Europa, que viria a espalhar-se por grande parte da Europa Ocidental e parte do Norte de África. Um dos centros mais antigos desta cultura monumental foi Portugal.

Persistem numerosos registos, como dólmens, antas, cromeleques e menires, como o Cromeleque dos Almendres, um monumento megalítico situado na freguesia de Nossa Senhora de Guadalupe, concelho de Évora, Distrito de Évora. Trata-se do monumento megalítico mais importante de toda a Península Ibérica, não só devido à sua dimensão, mas também, devido ao seu estado de conservação. É também considerado um dos mais importantes da Europa.

Na primeira fase do Neolítico, 7000 a.C., desenvolveu-se na península a cultura da cerâmica cardial, caracterizada pela decoração impressa com conchas de berbigão (cardium edule). Desta cultura encontram-se jazidas na Catalunha, Levante e Andaluzia. Nelas há mostras de práticas agrícolas.

Este é igualmente o período em que se assiste à expansão por via marítima, a partir do leste mediterrânico, da cultura da cerâmica cardial, associada igualmente a processos migratórios.

Note-se que, com algumas exceções localizadas, os dados arqueológicos demonstram que este processo foi essencialmente de aculturação das populações europeias, mais do que de migração em massa. Mesmo assim, a Cultura da Cerâmica Cardial terá tido um papel de relevo no lento desenvolvimento das primeiras culturas Neolíticas das regiões Atlânticas, embora com maior impacto direto nas zonas do leste ibérico (apresenta uma distribuição basicamente mediterrânica, particularmente na Catalunha, Valência, Vale do Ebro e Baleares). De facto, os monumentos megalíticos europeus estão frequentemente acompanhados de restos arqueológicos de cerâmica e outros artefactos provenientes desta cultura.

Também a pintura levantina e a arte esquemática na península Ibérica, que evoluiria nos tempos seguintes são características do neolítico peninsular. Estava localizada em abrigos rochosos das serras interiores e representa cenas de grupos, com muito dinamismo e figura humanas estilizadas, reflexo de um maior grau de abstracção e esquematização.

Pintura levantina e a arte esquemática
O Calcolítico ou Idade do Cobre marca o início da metalurgia. Esta fase caracteriza-se pelo aumento da complexidade e estratificação sociais, bem como, no caso ibérico, pelo aparecimento das primeiras civilizações e de extensas redes de troca e comércio que vão do Norte de África até ao Mar Báltico, com relevo para as Ilhas Britânicas.
No sudoeste ibérico afloram os chapéus-de-ferro, formações geológicas ricas em cobre, ouro e prata, facilmente exploráveis por uma tecnologia metalúrgica primitiva. Estes metais começaram então a ser minerados e trabalhados, embora fossem demasiado macios para substituir a maioria das ferramentas de pedra.

A data convencional para o início do Calcolítico ibérico é do Terceiro milénio a.C.. Nos séculos que se seguiram, particularmente no sul da Península, bens metálicos, geralmente com fins decorativos e rituais, tornaram-se cada vez mais comuns.

Este é igualmente o período de grande expansão do Megalitismo, com as práticas funerárias associadas, que se expande ao longo das regiões Atlânticas e pelo sul da península (além de pelo resto da Europa atlântica). Em contraste, a maioria das regiões do interior peninsular e do mediterrâneo permaneceram refractárias a este fenómeno.

Outro fenómeno do início da Idade do Cobre é o desenvolvimento de monumentos funerários de tipo tolo e cavernas artificiais, que se encontram no sul ibérico, desde o estuário do Tejo até Almería (sul de Espanha) e ao sudeste francês. Todos estes fenómenos se inscrevem na que foi a grande linha de demarcação cultural e démica (em menor grau) ibérica em geral e portuguesa em particular - mais mediterrânica a sul e leste, mais europeia continental a norte e oeste.

Por volta de 2600 a.C., começaram a aparecer comunidades urbanas, mais uma vez mais marcadamente no sul do território. As mais importantes de toda a Ibéria foram a de Los Millares (no sudeste espanhol) e a de Zambujal (pertencendo à cultura de Vila Nova de São Pedro, em Portugal), podendo já ser chamadas «civilizações», ainda que lhes falte a componente escrita.

A partir de 2150 a.C. dá-se uma importante transformação cultural e, em parte, populacional na Ibéria calcolítica, com o aparecimento da Cultura do Vaso Campaniforme, com origem no Castro do Zambujal, (talvez mesmo proto-indo-europeia), que se associará ao complexo populacional e cultural do megalitismo. Esta cultura demonstra tendências de regionalização, com diferentes estilos produzidos em várias regiões, sendo os mais importantes o tipo de Palmela em Portugal, testemunhado pelas Grutas da Quinta do Anjo, e os tipos Continental e Almeriano em Espanha.

Dentre exemplos típicos desta Idade do Cobre espalhados por inúmeras povoações por todo o sudoeste ibérico, destacam-se em Portugal na Área Metropolitana de Lisboa, entre outros:

Povoado Fortificado de Leceia no Concelho de Oeiras, Freguesia de Barcarena;
Povoado Fortificado de Vila Nova de S. Pedro no Concelho da Azambuja;
Necrópole de Carenque no Concelho da Amadora;
Freiria no Concelho de Cascais.

A Idade do Bronze foi o período no qual ocorreu o desenvolvimento desta liga metálica, resultante da mistura de cobre com estanho, permitindo o fabrico de ferramentas capazes de substituir os artefactos em pedra. A data de adopção do bronze variou segundo as diferentes culturas.

O centro tecnológico da Idade do Bronze na península Ibérica foi o sudoeste a partir de c.1 800 a.C.1 Aí, nas regiões de Almería, Granada e Múrcia, a Cultura de Los Millares foi substituída pela de El Argar com o aparecimento gradual de ferramentas de bronze e de povoados fortificados de grande dimensão. Afirma-se o poder político acima dos clãs e famílias primordiais, e muda bruscamente a organização social, nascendo uma vida urbana mais próxima da atual. Deste centro a tecnologia do bronze estendeu-se a outras regiões, constituindo o substrato onde viria a desenvolver-se a cultura Ibera e mais tarde os Tartessos. A rede de relações e comunicações criada por estes povos entre si viria a permanecer quase intacta até à chegada dos romanos à península.

Além de El Argar, algumas das mais notáveis culturas do bronze inicial da península são:

o Bronze de Levante, na região de Valência, com povoados menores mas uma intensa interação com os vizinhos de El Argar.
O Bronze Ibérico do Sudoeste, no sul de Portugal e na Estremadura espanhola, assinalado pela presença de adagas de bronze, expandindo-se para norte, que veio substituir a cultura megalítica existente na mesma região durante o calcolítico. caracteriza-se pelos túmulos individuais em cistas acompanhados por uma adaga de bronze.
As culturas de pastoreio de Cogotas I são unificadas pela primeira vez, como testemunha a cerâmica troncocónica característica. Algumas áreas, como a civilização de Vila Nova mantiveram-se isoladas da expansão da tecnologia de bronze, permanecendo tecnicamente no Calcolítico por séculos.
No Bronze intermédio, o norte de Portugal e a Galiza, regiões possuidoras das maiores reservas de estanho da Europa[carece de fontes], indispensável à fabricação de bronze, tornaram-se um centro mineiro aderindo então à tecnologia do bronze, como testemunham os seus machados em bronze característicos (Grupo de Montelavar).

Idade do Bronze

No bronze final, cerca de 1300 a.C. deram-se várias grandes mudanças na península. A cultura calcolítica de Vila Nova desaparece, possivelmente devido ao açoreamento do canal que ligava a cidade de Zambujal ao mar A cultura unificada de El Argar também desaparece, restando diversas cidades fortificadas dispersas. Os primeiros celtas, da Cultura dos Campos de Urnas surgem a partir de noroeste, conquistando toda a Catalunha e algumas áreas vizinhas. O vale do Guadalquivir assiste ao nascimento da sua primeira cultura diferenciada que poderá estar relacionada com os míticos Tartessos.

As culturas do bronze do ocidente da península mostram alguma interação, não só entre si, mas também com culturas atlânticas distantes, no que foi chamada a Idade do bronze atlântica. Este complexo cultural, compreendido no período entre 1300 a.C.-700 a.C. aproximadamente, incluía diferentes culturas ibéricas, das Ilhas Britânicas e do Atlântico Francês. Foi marcada em especial pelas trocas culturais e económicas das culturas locais sobreviventes que acabaram por ser absorvidas pelos Indo-Europeus da Idade do Ferro, maioritariamente Celtas. Os seus principais centros aparentam ser Portugal, Andaluzia (Tartessos), Galiza e Grã-Bretanha. Os seus contactos comerciais estendiam-se até a locais como a Dinamarca e o Mediterrâneo.

A Idade do Ferro refere-se ao período em que se iniciou a metalurgia do ferro, metal com vantagens face ao bronze, dada a maior dureza e abundância de jazidas. Caracteriza-se pela utilização do ferro como metal, utilização importada do Oriente através da emigração de tribos indo-europeias (celtas), que a partir de 1.200 a.C. começaram a chegar à Europa Ocidental, e o seu período alcança até a época romana. A Idade do Ferro na península Ibérica tem dois focos: a influencia da cultura de Hallstatt no nordeste e a colonização fenícia a sul.

Idade do Ferro

Desde finais do século VIII a.C., a cultura dos Campos de Urnas do nordeste da península começa a incorporar a metalurgia do ferro e, por fim, elementos da cultura de Hallstatt. Neste período verifica-se uma clara expansão orientada para montante do rio Ebro, chegando à Rioja e a Alava, com algumas ramificações nos montes do sistema ibérico, que podem ter sido o prelúdio da formação dos Celtiberos.

Neste período há uma visível diferenciação social com testemunhos da existência de chefias locais e uma elite de cavaleiros. Neste período há uma visível diferenciação social com testemunhos da existência de chefias locais e uma elite de cavaleiros.

Destas estações no Ebro e Sistema Ibérico, a cultura celta expandiu-se na Meseta Central e na costa atlântica, em vários agrupamentos.

O agrupamento de Bernorio-Miraveche (a norte das regiões de Burgos e Palencia, que influenciaria os povos do extremo norte.
O grupo do Douro, provável precursor dos Vaccei.
A cultura dos Cogotas II, provável precursor dos Vetões, dedicada à pastorícia e que gradualmente se expandiria para sul, até à Estremadura.
A cultura castreja lusitana, no centro de Portugal, precursora dos Lusitanos.
A cultura castreja do norte de Portugal e da Galiza, relacionada com a anterior, mas com um carácter próprio bem vincado devido à forte persistência do bronze atlântico.
Todos estes grupos indo-europeus têm elementos em comum, como a cerâmica e o armamento.

A partir de cerca de 600 a.C. a cultura do campo das urnas é substituída pela cultura Ibera, num processo que só terminaria no século IV a.C.. A separação física dos celta ibéricos dos seus semelhantes continentais faria com que os celtas da península Ibérica nunca recebessem a influência da Cultura de La Tène.

Fenícios, gregos e cartagineses, todos colonizaram partes da península Ibérica, estabelecendo postos comerciais.

No século X a.C. estabeleceram-se os primeiros contactos fenícios na Ibéria, ao longo da costa mediterrânica, com a emergência de diversas cidades e povoados no litural sul.

Fenícios
Os fenícios fundaram a colónia de Gadir (actual Cádis), próximo de Tartessos, o que fez desta a mais antiga cidade com uma ocupação contínua da Europa ocidental, tradicionalmente datada de 1104 a.C.. Ao longo de séculos os fenícios fizeram da cidade o posto comercial, deixando uma vasta herança de artefactos, como notáveis sarcófagos. ao contrário do que por vezes se afirma, não há registo de colónias fenícias a oeste do Algarve (nomeadamente Tavira), embora possam ter havido viagens de exploração fenícia, e a influência que estes tiveram no território do atual Portugal foi feita a partir de trocas comerciais e culturais com Tartessos.

No século IX a.C. os fenícios da cidade-estado de Tiro(Líbano) fundaram Cartago. Neste século os fenícios teriam uma grande influência na península com a introdução da metalurgia e uso do ferro, da roda de oleiro, a produção de azeite e vinho. Foram também responsáveis pelas primeiras formas de escrita ibérica, influenciaram a religião e aceleraram o desenvolvimento urbano. Há contudo falta de provas da fundação fenícia de Lisboa em 1300 a.C., sob o nome Alis Ubo ( porto seguro), embora neste período datem assentamentos em Olissipona com claras influências mediterrânicas.

Houve uma forte influência e presença fenícia na cidade de Balsa (atual Tavira) no século VIII a.C., que seria violentamente destruída no século VI. Com o declinar da colonização fenícia na costa mediterrânica muitas das colónias foram abandonadas, sendo substituídos pelo domínio da poderosa Cartago.

Que línguas foram faladas na Europa durante o período pré-histórico é controversa. A maioria dos estudiosos acreditam que uma ou mais línguas não indo-europeu foram proferidas, antes da introdução do Proto-Indo-Europeu, quer no período Neolítico ou Bronze. Uma hipótese substrato Vasconic para a Europa Ocidental, com influência de uma língua "Semitidic", tem sido postulada, mas rejeitaram. Kalevi Wiik sugeriu que fino-úgricas línguas podem ter sido faladas em todo o território do norte da Europa no final de o último máximo glacial. Esta hipótese foi rejeitada pela linguística tradicional.

Uma minoria de estudiosos têm defendido uma maior profundidade de tempo da proto-indo-europeu na Europa. Um grupo de estudiosos liderado por Mario Alinei considera que indo-europeu foi falado na Europa desde o último máximo glacial, na teoria da continuidade paleolítica. Jonathan Adams e Marcel Otte tem um ponto de vista ligeiramente diferentes, sugerindo que a expansão indo-europeia, imediatamente após o Dryas recente.

Proto-Indo-Europeu acredita-se que deram origem à maioria das línguas da Europa no período histórico. No entanto, sabe-se que um número de línguas não indo-europeia foram faladas na parte proto-histórico da Europa pré-histórica. No norte da Europa há um grupo separado de línguas urálicas que foram considerados a ser falado na região desde tempos pré-históricos.

Donald Ringe rejeita todas as propostas específicas acima mencionadas em razão dos resultados da geografia linguagem em áreas de "tribal", sociedades pré-estatais, como América do Norte antes da colonização europeia, o que torna uma Europa neolítica dominada por apenas algumas poucas famílias de línguas extremamente implausíveis , até mesmo impossível. Ele argumenta que, antes da propagação das famílias indo-europeus e Uralic, a Europa deve ter sido um lugar de grande diversidade linguística.